Projeto prevê estádios solares para a Copa de 2014
A Copa do Mundo de 2014 pode ser a primeira da história a ser disputada em estádios solares. Um projeto desenvolvido entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Instituto Ideal, em Florianópolis, pode fazer com as arenas brasileiras gerem a sua própria energia.
A ideia é que inúmeras placas fotovaltaicas sejam colocadas nas coberturas, possibilitando captar e transformar a energia solar em eletricidade. No próprio campus da instituição catarinense já existem placas com essa finalidade.
O professor Ricardo Rüther, doutor do Laboratório de Energia Solar (LABSolar) da UFSC, explica que existem estádios no mundo que utilizam essa tecnologia. Ela não foi adaptada na Copa da Alemanha, mas chegou a ser utilizada na última Eurocopa: o Stade de Suisse Wandkorf, em Berna, na Suíça, conta com nada menos do que 10.738 células solares, gerando 1,134 gigawatts hora (GWh) de energia por ano.
Rüther destaca o pontencial solar do Brasil, bastante superior ao europeu, e garante que a energia produzida pode ser devolvida à rede e abastecer o entorno dos estádios. "Mesmo quando não tem jogo, a energia é acumulada e pode ser transferida para as residências", destaca. "Não é sempre que os jogos são realizados no período noturno e enquanto isso as placas estão absorvendo luz solar. É um crédito de energia injetado na rede".
No Brasil, segundo adianta o professor, o primeiro estádio a ser alimentado por energia solar deverá ser o Pituaçu, na Bahia. O projeto executado pela Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) foi apresentado em maio ao governador baiano Jacques Wagner. Com custo estimado em R$ 5,2 milhões, a estimativa é a de que obras tenham início em 2010.
O diretor da ONG Instituto Ideal, Mauro Passos, destaca que o Brasil poderia ganhar muito espaço na mídia sendo o primeiro país a promover a chamada "Copa Limpa". Ele afirma que deve ser aproveitado o fato de que estádios serão construídos ou totalmente remodelados para introduzir as placas de energia.
"É uma grande oportunidade para a introdução de uma nova tecnologia nessas estruturas para a Copa. Se os estádios serão modernizados, pretendemos trabalhar para que sejam equipados com as placas fotovaitacas", completa.
O projeto já foi apresentado ao ministro do Esporte, Orlando Silva e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os estudos preliminares realizados pela UFSC em quatro estádios (Maracanâ, Beira Rio, Mineirão e Fonte Nova) mostram que o investimento necessário em cada uma das estruturas varia entre os R$ 18 e R$ 42 milhões. Foram analisados dois tipos de placas e a energia gerada pode oscilar entre 5 a 12 Mwh, dependendo do tipo escolhido.
Apesar dos valores, Passos acrescenta que um banco de fomento da Alemanha já manifestou interesse de financiar o projeto no Brasil. "O Laboratório de Energia Solar da UFSC consegue implementar o projeto a tempo da Copa", afirma Passos. "É uma grande vantagem: teremos estádios auto-suficientes e até mesmo capazes de comercializar ou distribuir em rede o excedente de energia elétrica".
A ideia ainda deve ser levada ao Comitê da Fifa por um grupo de trabalho formado por representantes do governo federal, Congresso e centros de pesquisa.
Fonte: TERRA