Vencedor de licitação do trem-bala terá de oferecer contrapartidas
Espanha, Itália, Japão e Coreia do Sul concorrem para a instalação do TAV no Brasil
O governo brasileiro vai exigir contrapartidas do país que vencer a licitação do trem-bala que ligará São Paulo ao Rio de Janeiro. O projeto de R$ 34,6 bilhões deverá ser concluído até a Copa do Mundo de 2014.
Após observar o lobby do ministro de Assuntos Exteriores da Espanha, Miguel Angel Moratinos, em favor de duas companhias de seu país, o chanceler Celso Amorim imediatamente cobrou a abertura do mercado europeu às empreiteiras brasileiras.
"Nossas empresas de construção enfrentam obstáculos para atuar em obras na União Europeia, em contradição com a presença de companhias espanholas na construção e gestão de rodovias brasileiras", constatou Amorim, durante entrevista à imprensa. "Quando se encontra um mercado fechado, há sempre a tendência de adotar uma atitude de reciprocidade, embora isso não seja positivo para nenhum dos lados", lembrou.
Moratinos fez uma reunião na última quarta-feira (29) em Brasília com representantes de 20 empresas espanholas. Entre elas estavam a Companhia Auxiliar de Ferrovias (CAF) e a Talgo, ambas fabricantes de trens de alta velocidade.
"Sabemos que a concorrência será dura. Mas há vontade política e financeira da Espanha em participar desses projetos", afirmou, ontem (30), a jornalistas brasileiros. "O trem de alta velocidade entre São Paulo e Rio de Janeiro é muito atraente para a Espanha, que será o país com mais serviço nesse campo por habitante em 2012", completou.
Além da Espanha, concorrem pela instalação do trem-bala no trajeto de São Paulo ao Rio de Janeiro pelo menos outros três países : Itália, Japão e Coreia do Sul. A licitação envolverá também a transferência de tecnologia, que será centralizada em uma empresa ou instituto público e repassada à empresa privada que tocará as obras.