2014 - Estudo detecta gargalos da infraestrutura turística das sedes da Copa
Documento foi organizado pelo Ministério do Turismo e pela FGV
Representantes das doze cidades-sede da Copa 2014 receberam, quinta-feira passada (2/7), um estudo do Ministério do Turismo e da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que aponta os principais gargalos da infraestrutura turística das sedes e traça estratégias para a adequação do setor ao maior evento esportivo do planeta.
O documento, apresentado em cadernos específicos por cidade-sede, lista sete diretrizes e 21 “fatores críticos de sucesso” do setor para a realização do Mundial. São itens como serviços e equipamentos turísticos, qualificação profissional, marketing, gestão pública e governança, sustentabilidade, acesso e infraestrutura.
Segundo o Ministério do Turismo, o estudo serve de base à formulação de políticas públicas federais, articuladas ou não com os governos estaduais e municipais, visando à Copa 2014 e ao seu legado. O ministro do Turismo, Luiz Barretto, disse que “todas as cidades têm pontos a serem trabalhados”, e que o ministério acompanhará a evolução das cidades até 2014 para que o evento deixe um legado de “sustentabilidade”.
Confira, a seguir, os principais trechos do estudo e depoimentos do ministro do Turismo, Luiz Barretto.
Investimentos
Para Barretto, o orçamento da Embratur, que hoje é de R$ 100 milhões, terá que ser ampliado para atender a todas as diretrizes do programa. O Ministério do Turismo conta com recursos de US$ 1 bilhão do Banco interamericano de Desenvolvimento (BID), e tenta ampliar o financiamento do Prodetur (Programa de Desenvolvimento do Turismo) com uma linha específica para a Copa 2014.
“Estamos trabalhando temas diretamente relacionados à infraestrutura turística, com pequenas obras de saneamento nas praias, rodoviárias, aeroportos regionais complementares, estradas que ligam as praias à cidade e a recuperação do patrimônio histórico. E é fundamental melhorar o nosso receptivo. Temos que treinar em inglês e espanhol o pessoal que atende aos turistas em bares e restaurantes, e os taxistas”, diz o ministro.
A respeito da capacitação em idiomas para profissionais de turismo, Barretto lembra que já existe um projeto-piloto em parceria com a Fundação Roberto Marinho, no Rio e em Salvador, e que até 2010 deverá atender todas as demais cidades-sede.
Oferta de quartos pode aumentar 30%
A hotelaria é um dos itens centrais para o sucesso da Copa 2014, já que o país espera receber 500 mil turistas durante o evento. Para as cidades que possuem número insuficiente de leitos, Barreto sugeriu soluções alternativas como o uso de navios para hospedagem, a construção de vilas olímpicas e o turismo de base comunitária.
Para o estudo da FGV, o parque hoteleiro das cidades-sede é “satisfatório em número de unidades habitacionais”, e prevê aumento de até 30% da oferta até 2014. Porém, no que diz respeito à qualidade das acomodações, analisa que "há grande dispersão na oferta", influenciada principalmente pela "idade e categoria dos hotéis".
Sinalização e restaurantes
O estudo constatou que a maioria das cidades possui uma sinalização turística adequada. No entanto, ela deverá ser padronizada e adaptada para atender ao visitante estrangeiro, com instalação de placas multilíngues e de símbolos universais.
Conforme o estudo, a oferta de restaurantes também é adequada, “mas precisa ser revista nas cidades menores”. O documento sugere a adoção de cardápios multilíngues nas sedes e a capacitação dos funcionários e gerentes com um segundo idioma.
Atrações
Segundo o estudo, os turistas da Copa permanecerão no país de dez a 15 dias, em média, e sua estada nas cidades dependerá dos atrativos turísticos que elas oferecerão. Para a FGV, os pontos fortes do Brasil são “os segmentos sol e praia, cultural e ambiental”.
Segurança para o turista
A FGV recomenda que os agentes de segurança recebam treinamento adequado para o atendimento ao turista. O relatório diz que "parte dos destinos-sede de jogos da Copa do Mundo não conta com uma delegacia especializada para o turismo, mas todos têm oficiais ou soldados de Polícia Militar especializados em turismo". O estudo detectou também a ausência de programas de qualificação do efetivo policial para receber os turistas adequadamente. Segundo o documento, apenas 5% do contingente domina um segundo idioma.
Segurança para eventos
Segundo Barretto, o Brasil possui experiência na realização de grandes eventos, como os Jogos Pan-americanos de 2007, em que não houve problemas graves de segurança. Afirmou, no entanto, que o país não pode se descuidar. “Não podemos ter ilusões, porque segurança é um problema dos grandes centros urbanos”, disse o ministro.
Transporte
Como alternativas para a entrada e circulação de turistas estrangeiros no país durante o evento, o ministro aposta na ampliação da capacidade aeroportuária e na construção do trem de alta velocidade – que liga Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas. “Será feito um diagnóstico dos portos e aeroportos que serão as portas de entrada para os mais de 500 mil turistas que virão durante a Copa. Sabemos que o terminal do aeroporto de Manaus precisa ser ampliado. Outros precisam de uma terceira pista. E o trem de alta velocidade vai tornar Viracopos (aeroporto de Campinas) uma peça importante, integrando os três aeroportos de São Paulo”.
O estudo da FGV considera o transporte rodoviário estratégico para o turista cobrir distâncias curtas, mas alerta que “há carência generalizada no que diz respeito à reforma e construção dos terminais”.
Fonte: Portal Copa 2014