segunda-feira, 3 de agosto de 2009

E depois da Copa, quanto o torcedor pode pagar?

O consultor e blogueiro Jorge Hori discute a viabilização econômica dos estádios brasileiros



Fora das grandes metrópoles brasileiras, que têm grande potencial de público para os jogos de futebol, as demais cidades estão enfrentando dificuldades para conseguir convencer os parceiros a investir nos estádios. E os dados dos Campeonatos Brasileiros, tanto na série A, como na série B, mostram que não há garantia para a viabilidade dessas arenas.

A esperança de repetir as trajetórias do Barueri, já na série A e em boa colocação, ou do Atlético Goianense, na liderança da série B, pode até se concretizar com clubes-empresas, mas os seus resultados econômicos ainda são medíocres, com pouco retorno dos investimentos, pelo menos a médio prazo.

Na primeira fase, antes da escolha das cidades-sede, a ideia era de que tratava de um concurso entre estádios. Cada qual buscou mostrar projetos suntuosos e caros, sob o pretexto da Copa Verde. E que estavam atendendo a todos os requisitos do Manual da Fifa. Ninguém fez ou quis fazer os estudos de viabilidade, pois corria o risco de evidenciar a inviabilidade e, com isso, ser eliminada da seleção das doze cidades.

Agora há o prazo - até o final deste mês - para apresentar não só o projeto básico do estádio, como o estudo de viabilidade econômica, considerando, principalmente, os resultados com o público dos jogos de futebol.

Quem se aprofundar um pouco na avaliação de receitas com shows musicais, grande esperança para a ideia de uma arena multiuso, verá que se trata de uma ilusão, que pode levar a frustrações.

Manaus e Cuiabá, por exemplo, são cidades que não têm representantes nem na série B. Fortaleza, Natal e Brasília têm clubes na série B. As outras sete têm um ou mais representantes na série A.

Uma contra-argumentação é que pode-se desenvolver um clube, em curto prazo. Exemplos são os casos do Atlético Goianense, com uma subida meteórica, ocupando agora a liderança da série B, mesmo tendo chegado a ela apenas neste ano. E que no último jogo derrotou como visitante o então líder Guarani. Em 2010 o Atlético Goianense poderá estar disputando a série A, e chegar em 2011 na Libertadores. Joga no Serra Dourada, assim como o Goiás e o Vila Nova.

Outro exemplo é o Barueri, já na série A e na disputa pelos quatro primeiros lugares. Ocorre que ambos, mesmo com essa brilhante trajetória, não conseguem levar grandes públicos aos seus jogos. Depois de 16 rodadas (não computando a do último final de semana) o Barueri está na rabeira das estatísticas do Campeonato, tanto em público, como em arrecadação. Com média de 3.165 pagantes por jogo e arrecadação média de R$ 56.459,39, só conseguiu levar à Arena Barueri um total de 22.152 pessoas, com ingresso médio de R$ 17,84.

Jogando contra os principais times de São Paulo, o Barueri atraiu 4.960 pagantes contra o Palmeiras (ingresso médio de R$ 23,86) e 6.754 contra o São Paulo (ingresso médio de R$ 24,03). Provavelmente, com torcida do adversário maior que a da casa. A estratégia tem sido a de adotar ingressos mais caros, mas que resultam em menor público.

O Atlético Mineiro, até há pouco na liderança, ora perdida para o Palmeiras, ostenta média de 41.642 pagantes por jogo (a maior até agora) com arrecadação média de R$ 589.744,43. O Galo enche o Mineirão com preços populares, ficando o seu ingresso médio em R$ 14,16.

Só um jogo do Corinthians no Pacaembu, contra o Fluminense, teve 27.329 pagantes, com renda de R$ 951.184,00 e ingresso médio de R$ 34,80. Pouco superior à sua média, considerando oito jogos, de R$ 31,99.

O Corinthians com a sua "birra" com o São Paulo, só para não dar o gosto de jogar no Morumbi e pagar o aluguel, levou a partida contra o Palmeiras para Presidente Prudente (sem pagamento de aluguel). Conseguiu um público (29.777) pouco acima do jogo contra o Fluminense, no Pacaembu, uma arrecadação de R$ 867.035,00 – portanto menor que a daquele – e ingresso médio de R$ 29,12. De uma carga total de quase 40 mil lugares, 25% ficaram vazios. Pior, perdeu por 3x0.


Santo André e Avaí
Santo André poderia ser outro exemplo de clube empresariado, em ascensão. Mas os seus resultados econômicos ainda são pífios. A sua média de público no Estádio Bruno José Daniel é de 3.165, em sete jogos, com arrecadação média de R$ 137.624,00 e ingresso médio de R$ 25,09.

O Avaí, agora renovado, tem feito uma boa campanha – apesar de um inicio ruim – mas os seus resultados econômicos continuam medíocres. Em sete jogos no Ressacada conseguiu levar 69.126 pagantes, o que é melhor que os novatos paulistas, além de ter um estádio próprio. Mas o seu total de arrecadação de R$ 577.785,00 é menor que a média do que o Atlético Mineiro consegue faturar no Mineirão, por jogo. Tem um público maior porque trabalha com uma estratégia de preços mais populares. O seu ingresso médio é de R$ 8,36.

Comparando os resultados do Avaí com os do Santo André, que conseguiram até agora rendas muito próximas - R$ 577.785,00 para o primeiro e R$ 536.702,00 para o segundo, ambos em sete jogos - o Avaí tem quase três vezes o número de pagantes, com um ingresso médio bem menor: R$ 8,36 para o Ressacada e R$ 20,12 no Bruno José Daniel. As estratégias são diferentes, os resultados globais, praticamente iguais.



Vila Nova e Atlético Goianense
O Atlético Goianense, agora na ponta da série B, depois de 14 rodadas, não tem mostrado a força econômica igual à futebolística. Em sete jogos, como mandante, no Serra Dourada, só conseguiu levar 18.843 espectadores pagantes, com média de 2.692 por jogo. Sua arrecadação total foi de R$ 37.997,86, com ingresso médio de R$ 14,12. Desempenho econômico bem pior que seu colega Vila Nova, que apesar de estar apenas na 16ª colocação, quase na zona da degola, tem um público total de 46.050, também em 7 jogos, arrecadação total de R$ 103.415,71 e ingresso médio de R$ 15,72.



Vasco, uma atração
A presença de um “time grande” como o Vasco, na série B, atrai público em todas as cidades. Os principais públicos e renda ocorrem quando o time da casa joga contra o Vasco.

O jogo Bahia 2x1 Vasco, no Pituaçu, levou 25.376 pagantes a um ingresso médio (R$ 23,24) muito superior à média do campeonato, gerando uma renda de R$ 589.675,00. Em Fortaleza, o Vasco igualmente conseguiu levar um bom público (27.629), além de derrotar o Ceará por 2x0. Do ponto de vista do estádio é um resultado bem pior em função da capacidade (45.075) e do ingresso médio, no caso, de R$ 17,56. De toda forma, superior à média dos jogos no Castelão (R$ 14,68). A taxa de ocupação do Pituaçu no jogo contra o Vasco foi de 92% enquanto no Castelão, contra o mesmo Vasco, foi de 61%.



Bahia e Vitória
Ainda que com um desempenho medíocre no campeonato, longe do G4, o Bahia mostra que há um público baiano capaz de pagar mais caro para acompanhar os jogos do seu time, em casa. O ingresso médio dos oito jogos no Pituaçu, para os 11.579 espectadores por jogo, foi de R$ 21,33. Está acima do ingresso médio obtido pelo Vitória, na série A, de R$ 18,99. A sua média de público no Barradão (12.150), no entanto, é maior que o do Bahia.

Para o jogo contra o São Paulo, ontem (domingo), o Vitória aumentou os preços dos ingressos. Não conseguiu lotar o Barradão, ficando com um público pagante de 17.519, bem abaixo do conseguido pelo Bahia, no jogo contra o Vasco. Mas a um ingresso médio de R$ 28,54 alcançou R$ 500.040,00. Provavelmente os R$ 23,00 de ingresso médio sejam o limite para um bom público em Salvador.


Fonte: Portal da Copa 2014


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